Coco de Embolada em Quadrinhas
(eu vi clarear...)
Refrão alheio, mas quadras abaixo minhas:
Eu vi
clarear
Uma luz no
horizonte.
Eu vi
clarear
Uma luz no
alto mar.
Eu vi
clarear
Uma luz no
horizonte...
“Aonde”
alumia a fonte
Menina vai
se banhar.
1
Vamos
cantar, camarada,
Que eu já
preparei o coco.
Comigo não
tem sufoco
Na hora de
improvisar.
2
Você me
apresenta o troco,
Que a gente
troca o repente.
Siga mais
ligeiramente,
Que é bom
pra gente cantar.
3
Quer
improvisar? Pois tente,
Que eu já
estou preparado.
É preciso
ter cuidado
Na hora de
versejar.
4
Eu também tô
“avoado”
Pra cantar
sem ter afronta.
Bote aí na
minha conta,
Que lhe
garanto pagar.
5
O improviso
confronta
A mente do
embolador.
Vamos cantar
com valor,
Que o povo
quer escutar.
6
Pode
adentrar no calor
Do momento
prazenteiro,
Que eu sou
um pajeuzeiro,
Mas canto em
qualquer lugar.
7
Seu repente
é sobranceiro
E o meu não
deixa lacuna.
Se for falar
em tribuna.
Pode me
deixar falar.
8
Aqui na hora
oportuna
A gente
privilegia
O povo que
prestigia
A cultura
popular.
9
Cantar de
noite ou de dia
É uma tarefa
dura.
E a gente
aqui se segura
Nesse
repente sem par.
10
Sem regra e
sem partitura
A gente
segue cantando
Simplesmente
declarando
A cultura do
lugar.
11
O nosso
repente é brando.
Não enjoa e
nem magoa.
É bom pra
qualquer pessoa
Que pára pra
escutar.
12
Vou de barcaça
e canoa
Nas ondas
desse repente.
E o mar fica
mais valente
Na hora de
navegar.
13
O sol que
fica mais quente,
Permite o
aquecimento
E a gente
torna o momento
Mais sujeito
a esquentar.
14
Com grande
contentamento,
Nós levamos
a cultura
De uma
maneira mais pura,
De um jeito
mais singular.
15
Fazemos
literatura
Sem papel e
sem caneta,
Sem lápis,
sem caderneta
E sem
carteira escolar.
16
O verso sai
da gaveta
Da mente de
cada um.
E a rima
sobrecomum
Serve pro
verso enfeitar.
17
Sou um
papa-jerimum.
Não tenho
vergonha disso.
Tendo hoje o
compromisso
De cantar,
eu vou cantar.
18
Vamos
mostrando serviço,
Que o
pessoal quer ouvir
O versejo e
aplaudir
A rima
espetacular.
19
É preciso
permitir
Que o
repente se aqueça.
Cante o
verso e não esqueça
De agradar a
quem chegar.
20
Tire a rima
da cabeça.
Idéia boa de
tudo.
Mais talento
e mais estudo
Você tem que
demonstrar.
21
Eu sei que o
meu conteúdo
É criado de
improviso,
Que o verso
sai do juízo
Sem ninguém
lhe comandar.
22
No verso eu
caso e batizo.
Não tenho
pausa na voz,
Que a minha
rima é veloz.
Ninguém pode
acompanhar.
23
Sem
embaraços nem nós,
Cantamos com
ousadia
À noite e
durante o dia,
Que é pro
povo apreciar.
24
A minha
mente é que cria
O repente
que eu fabrico.
E pronto a
dizer eu fico
Na hora que
é pra falar.
25
No verso eu
me prontifico
A cantar
improvisado.
Faço tudo
com cuidado.
Não deixo a
rima faltar.
26
Tudo o que
tenho embolado
Vem de
dentro do meu tino.
Sou cantador
nordestino.
Nasci pra
improvisar.
27
Siga aí o
seu destino,
Que eu cá
vou seguindo o meu,
Que esse dom
que Deus me deu
Eu não posso
desprezar.
28
Quem pra
versejar nasceu
Não pode
evitar o canto.
E é por isso
que eu garanto
Nunca deixar
de cantar.
29
Eu tenho
cantado tanto,
Que eu tenho
até me espantado.
Sou
repentista e meu fado
De vate é
cantarolar.
30
Não estou
preocupado,
Que Deus é
quem me auxilia.
E, nessas
horas do dia,
Eu começo a
me inspirar.
31
Minha
cantiga é sadia.
Meu
improviso é faceiro.
Meu repente
tem o cheiro
Do roseiral
do pomar.
32
Sou poeta
condoreiro
Desse chão
seco e fervente,
Que eu me
criei no sol quente,
Sob a
quentura solar.
33
Meu repente
é dependente
De Deus, que
é quem me concede
Esse verso
que procede
Da minha voz
exemplar.
34
Talento que
ninguém mede,
Jesus lá do
céu me trouxe.
E, assim,
meu cérebro tornou-se
Uma máquina
de rimar.
35
Também meu
ser transformou-se
Numa máquina
de versejo,
Fabricando o
benfazejo
Repente que
eu vou cantar.
36
Sou poeta
sertanejo.
Arejo a
mente cantando,
Versejando e
divulgando
Essa cultura
exemplar.
37
Eu cá estou
no comando.
Meu improviso
é martelo,
Foice,
machado, cutelo,
Quicé, faca
de cortar.
38
O meu
repente é singelo,
Mas tem toda
maestria,
Que eu canto
com ousadia.
Não deixo a
rima parar.
39
Eu tenho
sabedoria.
Meu versejo
é bem medido,
Metrado, bem
dividido
Pra ser
jogado no ar.
40
Eu também
sou conhecido
Pelos
repentes que faço.
Cantando, eu
não me embaraço
Na arte de
versejar.
41
Eu tenho
força no braço
Pra segurar
o pandeiro.
Sou artista
brasileiro,
Nascido
nesse lugar.
42
Sou vate e
canto ligeiro
O verso que
sai da mente
Sem deixar
nada pendente
Na voz do
meu linguajar.
43
Eu canto
sempre contente,
Que eu nasci
pra ter afinco.
Improvisando
eu não brinco.
Cantando, eu
não vou brincar.
44
Tiro
fechadura e trinco
Das portas
da minha mente
Pra poder
cantar repente
Lançando os versos
no ar.
45
Não decanto
lentamente,
Que a minha
rima é ligeira.
Me apresento
em toda feira,
Olhando o
povo passar.
46
Levei minha
vida inteira
Cantando
assim com capricho.
Jamais
divulguei buchicho
Nem nunca
irei divulgar.
47
Canto é alto
e sem cochicho,
Que o meu
repente é audível.
E somente
aumento o nível.
Jamais eu
irei baixar.
48
Minha rima é
combustível
Pra meu
talento sublime.
Verso e não
cometo o crime
De deixar de
improvisar.
49
Jesus do Céu
me redime
E eu sigo
com simpatia,
Mostrando
essa cantoria
Que a todos
vem agradar.
50
A minha
cabeça é fria,
Mas meu
improviso é quente,
Pra que vate
não intente
Vir a me
desafiar.
51
Cantando
ligeiramente,
A nossa voz
ecoou.
Mas parar
agora eu vou
Que é hora
já de parar.
52
Você, que já
se cansou,
Pediu pra
parar a rima
E eu vou
parar nosso clima
Pra caminhar
pro meu lar.
53
A hora já se
aproxima.
O fim da
tarde chegando,
Por isso eu
estou falando
Pra gente
finalizar.
54
Certo! Eu,
desse modo brando,
Vou parar o
meu versejo...
Procuro o
sol e não vejo...
É hora de me
ausentar.
55
Você é bom
sertanejo.
Eu também
sou dessa terra.
Vamos findar
essa guerra
E partir pra
o nosso lar.
56
A peleja
aqui se encerra.
O versejo
silencia.
Voltaremos
noutro dia
Se Deus do
Céu aprovar.
_Autor: RF Amaral_
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