Sonetos Terroríficos
1
A caveira
sonâmbula me via
Na estrada,
sozinho a caminhar.
Perseguia-me
andando devagar.
E eu, zeloso e
com medo, prosseguia.
As risadas
macabras desse dia
De espantoso
noturno vil penar
Ressoavam no
espaço do lugar
E assombravam meu
corpo que tremia.
Entre cruzes
passei. A bruma vi.
O frisson da
calada. O frenesi
Que o meu sangue
atestava ante o abismo.
Eram certas as
dores. Certas sombras
Envolviam-me ali
ante as alfombras
E o meu fim constatou-se
no exotismo.
2
A calada noturna
me envolveu
Certo dia, a
caminho da cidade.
A estrada
calada, na verdade,
Resguardava um
assombro em meio ao breu.
O sossego se foi
e o apogeu
De um medonho
pavor que o peito invade
Dominou-me ali
mesmo e a sanidade
Se desfez frente
à dor do corpo meu.
Via covas
abertas. E o sepulcro
Da tristeza, de
rosto nada pulcro,
Assustava-me
diante do ar local.
O céu negro
inspirava morte e medo.
Rastejava o
fantasma louco e tredo
Da matança e
imperava a mão do mal.
3
Certo dia, a
andar pela avenida
Numa noite de
escuro incomparável,
Avistei
abantesma vil e a estável
Sensação se
desfez e a paz garrida.
A correr, até
quis buscar guarida
Onde achasse
descanso da odiável
Criatura cruel e
inefável
Que buscava me
ver posto em jazida.
Apressei-me.
Bradei. Ninguém ouviu.
Via a rua
deserta. Sucumbiu
Do meu ser a
esperança do porvir.
Na certeza da
morte me encontrei.
Era o medo da
noite, mas eu sei,
Não há mais
alegria no existir.
4
Umas gárgulas vi
no céu nublado.
Um fantasma de
rosto indistinguível.
Esqueletos andantes.
Uma horrível
Sensação me
envolveu e eu fui tomado.
Os vampíricos
medos do passado
Infantil me
assolaram na indizível
Emoção de terror
imarcescível
Que me vi
sobrevir ante o valado.
Gargalhadas ouvi
e me espantei.
O prodígio do
mal eu avistei:
O horrendo
semblante maquiavélico.
Todo o riso
escapou. Fugiu a paz.
Esperança não
vi. Não fui capaz
De furtar-me a
esse mal mefistofélico.
5
Vi no lodo uma
lesma rastejante
Que buscava
detritos corporais.
Entre tigres,
hienas e chacais
Encontrei-me no
afã de vil instante.
Quis correr de
uma fera “esbravejante”
Que babava ante
a lama em antros tais
E uma gárgula de
ares infernais
Capturou-me: era
horrendo o seu semblante!
Vi-me em fossa.
E eis que o fosso devorava
Os meus sonhos.
A dor já me abraçava.
O sossego se
foi. A paz partiu.
Sou das grades
do mal um prisioneiro.
Tenho o “capro”
terror por companheiro.
Ante o choro o
meu riso sucumbiu.
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