Crises
Existenciais – Felipe Amaral
1
Tudo
faço na vida para ver
Crescimento
e não vejo o incentivo
Que
preciso. O que vejo é só motivo
De
lamento, tristeza e desprazer.
Sou
artista, o que faço é descrever
O
que sinto e cantar, pelo atrativo
De
aprazer quem me escuta, e dar avivo
Ao
melhor que se possa promover.
Mas
só vejo desprezo à minha arte.
Só
encontro repulsa em toda parte.
Só
diviso agressivas aversões.
O
meu mundo ruiu em vitupério.
O
meu plano de vida é deletério.
E
o meu ser já sucumbe às aflições.
2
Tola
gente que passa e não escuta
Os
chamados do acerto e da razão.
Tola
gente que vive em disfunção,
Mas
insiste em teimar que o bem desfruta.
Não
há certo, e o errado de conduta
Vê-se
bem e triunfa na “missão”
De
buscar promover tudo o que é vão
E
sem préstimo algum, sem ver disputa.
O
que tenho a fazer é pôr alguma
Instrução
– frente à negra e espessa bruma –
Na
cabeça do povo que me vê.
Só
que tudo o que faço é desprezado.
O
correto tornou-se o que é errado.
E
o alerta de “Pare! ninguém lê”.
3
Penso
em ir para longe, mas contenho
À
vontade e, tristonho, permaneço
Neste
chão, a tentar gerar apreço
Ao
que é bom neste povo a que me atenho.
Mas
só bebo arrogância, se me empenho;
Mas
só sorvo desprezo, se ofereço
O
que é digno de glória. E arrefeço
Ante
o mal e em quebranto me mantenho.
Não
encontro incentivo para o bem
Que
promovo. E lamento que ninguém
Vise
alguma mudança: e a dor piora.
O
meu ser não agüenta ver tamanho
Menosprezo
e sucumbe ante este estranho
Ambiente
que o frívolo incorpora.
4
A
mudança de mente é desprezada
Pelos
tolos que passam pela rua.
A
vaidade é um ídolo e tem sua
Honra
bem promovida e resguardada.
O
que o povo deseja é ver-se, a cada
Dia,
cheio de si. E o mal atua
Fabricando
uma gente que acentua
O
orgulho e a humildade só degrada.
Idolatram
seus bens. Cultuam tudo
Que
conseguem. E vivem nesse agudo
Enchimento
de ego chulo e vil.
Tudo
fazem por meio de conchavos.
O
que fazem é torpe e gera agravos
No
já fraco caráter do Brasil.
5
Não
suporto ver tanta indiferença
Para
com o correto e salutar.
Não
suporto o descaso do lugar
Com
o bem da justiça que compensa.
Os
injustos triunfam sem sentença.
Os
honestos são mortos por vulgar
Ser
que fere a eqüidade e faz passar
O
cruel por fiel, sem ver ofensa.
A
cultura degrada-se no lodo
Da
torpeza de um povo sem denodo
Para
com a defesa do que é justo.
O
negrume do mal já toma o todo.
O
bem sofre do mesmo o vil apodo
E
ninguém toma o mais ínfimo susto.
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