Luci
1
Ao olhar para os dois
lados,
Atravessei, na’
intenção
De poder ver se ela
estava
Em tal edificação
E, ao adentrar o
recinto,
Não a’ encontrei no
salão.
2
Parti noutra direção
Pensando onde iria
achar
A Luci para falar-lhe
Sobre a viagem sem par
Que planejava fazer
Naquele mês singular.
3
Era dezembro e o ar
Tinha a iluminação
Das constelações do
cosmos
Em noites de alva
explosão
De quasares quais
obuses
Em tons de radiação.
4
Segurara a sua mão
Tempos atrás em seu
lar
E ela me dera seus
lábios
De carmim sem similar
Pra que a fizesse
sentir
O amor que eu tinha
pra dar.
5
Mas não a vira passar
Frente à localização
Onde eu exercia a
minha
Fatigante profissão:
É que O jornalismo, às
vezes,
Traz-me desmotivação!
6
Queria ver-lhe a
feição
Para poder-me animar.
Esperei que ela
passasse
Por lá... Só pra
conversar!
Já que trabalhava
perto
De onde eu costumava
estar.
7
Mas nunca “deu de” ela
achar
Um motivo, uma razão
Pra sair da rua onde
Exercia profissão
Pra ir aonde eu me
achava
Repleto de expectação.
8
Criei a ocasião
De podermos nos achar.
Passei a tomar café
À tarde lá no lugar
Onde ela antes
costumava
Aparecer pra tomar.
9
É que ouvira relatar
Que ela, a sua
refeição
Da tarde, fazia ali.
Então tive a decisão
De passar a ir lanchar
Naquela imediação.
10
Porém não avistei não
Luci ali a tomar
Seu cafezinho da tarde
E desisti de tentar,
Esperando que algum
dia
Por acaso a fosse
achar.
11
Não queria atrapalhar
A sua concentração
Profissional e, por
isso,
Não quis tomar o salão
Do seu trabalho e
pedir
Pra vê-la, à recepção.
12
Optei pela opção
De deixá-la repensar
Sua escolha de
afastar-se
De mim e não me ligar.
Até que um dia
avistei-a
Bem apressada a
passar.
13
Ela parou ao me olhar
E sinalizou co’ a mão.
Por certo queria algo.
E eu, em sua direção
Fui cheio de uma
esperança,
Há muito em meu
coração.
14
Estendi a minha mão
Pra ela e a pude
indagar
Sobre aonde estava
indo
E ela se pôs a falar
Que, há tempos, não
trabalhava
Naquele antigo lugar.
15
E eu percebi se tratar
Da tal localização
Onde disseram pra mim
Que era a edificação
Onde ela exercia a sua
Literária profissão.
16
É que era a sua função
De segunda à sexta
estar
Analisando trabalhos
Literários e tomar
A decisão de escolher
Os melhores pra
lançar.
17
“Se optou por explicar
O porquê da situação,
Então devia inda estar
Querendo aproximação”
-
Pensei comigo no
instante
“Que puxei-a” pela
mão.
18
- Eu tenho uma
informação
Que eu desejava passar
Quando nós dois
estivéssemos
À noite em algum lugar
Mais calmo, mas já que
não...
Aqui mesmo eu vou
falar...
19
- O que é? Pode me
contar! –
Disse sem hesitação.
Por certo não me
ligara,
Mas havia, com razão,
Algo a prender-lhe o
espírito
Àquela conversação.
20
Notei a sua atenção,
Então hesitei em dar
A informação que
estava
Guardando para falar
Na chance que a
visse... a vi!
Mas não a quis
revelar.
21
Certo era que, ao
ocultar
No suspense a’
informação,
Eu pretendia que ela
Fizesse uma ligação,
Mais atenção me doasse
E, ao final, seu
coração.
22
Mas foi por fazer
questão
De me retrair e estar
Certo que aquilo daria
Um resultado sem par,
Que eu perdi aquela
chance,
Pois quis deixá-la
escapar.
23
Não lembrei de me
informar
Sobre a localização
Daquele novo lugar
Do seu ofício em
questão...
Ela até tinha o meu
número,
Todavia, o dela, eu
não.
24
Lamentei a decisão
Que em tal hora eu fui
tomar.
Já era tarde demais.
Era melhor me acalmar.
Vi que ela ‘só
parecia
Mesmo’ em mim se interessar.
25
Era melhor me poupar
De qualquer forte
emoção.
Esqueci que ela
existia...
Isso, por uma fração
De vida, já que de
novo
Vi-me sem ter condição.
26
Havia alguma paixão
Que não me deixava
andar,
Pensar, trabalhar,
dormir
Sem que ela pudesse
estar
Em minha imaginação,
Pra vir me desalentar.
27
Nunca “que” fui ao seu
lar
Depois da ocasião
Em que estivera ali
dentro
Na maior empolgação
E cheio de frases
doces
E, o coração, de
emoção.
28
E, “agora”, estava no
vão
Da vida para buscar
Aquela que o coração
Se recusava olvidar:
Tivera antes me
inteirado
De onde haveria de
estar.
29
Mas lá não pude
encontrar
Luci e a’ insatisfação
Já tomava inteiramente
Conta do meu coração.
Segui por aquele
bairro
Tomado de inquietação.
30
Luci com certeza não
Desejava me avistar
Andando pelo seu
bairro
Inquirindo sem cessar
O seu paradeiro a
todos
Que me olhavam a
passar.
31
Já sem forças pra
tentar
Me voltar pra direção
Onde estaria meu
carro,
Sentei-me na’ ocasião
Em um dos bancos da
praça
E pus-me em reflexão:
32
“Meu Deus! Qual é a
razão
De eu estar neste
lugar?” –
Silenciei calmamente
E decidi retornar
Para o meu carro e
partir
Para nunca mais
voltar.
33
Sim... Viajei sem
parar.
E não achei mais razão
Pra retornar ao
trabalho
E a vida de indecisão
Que eu vivia e me
encontrei
Em “uma outra”
profissão.
34
Noutra localização,
Pude também encontrar
Alguém que desse
atenção
Ao sentimento sem par
Que eu estive sempre
pronto
A ofertar sem cobrar.
35
Luci? Esqueci seu lar,
Sua enganosa feição,
Sua auto-suficiência,
Toda aquela sensação
De exaspero repassada
Por sua incompreensão.
36
Minha congratulação
É não mais me colocar
Contra a racionalidade
Que tanto quis me
avisar,
Mas eu não a quis
ouvir
Porque queria insistir
Em sofrer e permitir
A’ emoção me comandar.
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