sábado, 25 de agosto de 2012

Luci - Poetic Lit

Luci
1
Ao olhar para os dois lados,
Atravessei, na’ intenção
De poder ver se ela estava
Em tal edificação
E, ao adentrar o recinto,
Não a’ encontrei no salão.
2
Parti noutra direção
Pensando onde iria achar
A Luci para falar-lhe
Sobre a viagem sem par
Que planejava fazer
Naquele mês singular.
3
Era dezembro e o ar
Tinha a iluminação
Das constelações do cosmos
Em noites de alva explosão
De quasares quais obuses
Em tons de radiação.
4
Segurara a sua mão
Tempos atrás em seu lar
E ela me dera seus lábios
De carmim sem similar
Pra que a fizesse sentir
O amor que eu tinha pra dar.
5
Mas não a vira passar
Frente à localização
Onde eu exercia a minha
Fatigante profissão:
É que O jornalismo, às vezes,
Traz-me desmotivação!
6
Queria ver-lhe a feição
Para poder-me animar.
Esperei que ela passasse
Por lá... Só pra conversar!
Já que trabalhava perto
De onde eu costumava estar.
7
Mas nunca “deu de” ela achar
Um motivo, uma razão
Pra sair da rua onde
Exercia profissão
Pra ir aonde eu me achava
Repleto de expectação.
8
Criei a ocasião
De podermos nos achar.
Passei a tomar café
À tarde lá no lugar
Onde ela antes costumava
Aparecer pra tomar.
9
É que ouvira relatar
Que ela, a sua refeição
Da tarde, fazia ali.
Então tive a decisão
De passar a ir lanchar
Naquela imediação.
10
Porém não avistei não
Luci ali a tomar
Seu cafezinho da tarde
E desisti de tentar,
Esperando que algum dia
Por acaso a fosse achar.
11
Não queria atrapalhar
A sua concentração
Profissional e, por isso,
Não quis tomar o salão
Do seu trabalho e pedir
Pra vê-la, à recepção.
12
Optei pela opção
De deixá-la repensar
Sua escolha de afastar-se
De mim e não me ligar.
Até que um dia avistei-a
Bem apressada a passar.
13
Ela parou ao me olhar
E sinalizou co’ a mão.
Por certo queria algo.
E eu, em sua direção
Fui cheio de uma esperança,
Há muito em meu coração.
14
Estendi a minha mão
Pra ela e a pude indagar
Sobre aonde estava indo
E ela se pôs a falar
Que, há tempos, não trabalhava
Naquele antigo lugar.
15
E eu percebi se tratar
Da tal localização
Onde disseram pra mim
Que era a edificação
Onde ela exercia a sua
Literária profissão.
16
É que era a sua função
De segunda à sexta estar
Analisando trabalhos
Literários e tomar
A decisão de escolher
Os melhores pra lançar.
17
“Se optou por explicar
O porquê da situação,
Então devia inda estar
Querendo aproximação” -
Pensei comigo no instante
“Que puxei-a” pela mão.
18
- Eu tenho uma informação
Que eu desejava passar
Quando nós dois estivéssemos
À noite em algum lugar
Mais calmo, mas já que não...
Aqui mesmo eu vou falar...
19
- O que é? Pode me contar! –
Disse sem hesitação.
Por certo não me ligara,
Mas havia, com razão,
Algo a prender-lhe o espírito
Àquela conversação.
20
Notei a sua atenção,
Então hesitei em dar
A informação que estava
Guardando para falar
Na chance que a visse... a vi!
Mas não a quis revelar.
21
Certo era que, ao ocultar
No suspense a’ informação,
Eu pretendia que ela
Fizesse uma ligação,
Mais atenção me doasse
E, ao final, seu coração.
22
Mas foi por fazer questão
De me retrair e estar
Certo que aquilo daria
Um resultado sem par,
Que eu perdi aquela chance,
Pois quis deixá-la escapar.
23
Não lembrei de me informar
Sobre a localização
Daquele novo lugar
Do seu ofício em questão...
Ela até tinha o meu número,
Todavia, o dela, eu não.
24
Lamentei a decisão
Que em tal hora eu fui tomar.
Já era tarde demais.
Era melhor me acalmar.
Vi que ela ‘só parecia
Mesmo’ em mim se interessar.
25
Era melhor me poupar
De qualquer forte emoção.
Esqueci que ela existia...
Isso, por uma fração
De vida, já que de novo
Vi-me sem ter condição.
26
Havia alguma paixão
Que não me deixava andar,
Pensar, trabalhar, dormir
Sem que ela pudesse estar
Em minha imaginação,
Pra vir me desalentar.
27
Nunca “que” fui ao seu lar
Depois da ocasião
Em que estivera ali dentro
Na maior empolgação
E cheio de frases doces
E, o coração, de emoção.
28
E, “agora”, estava no vão
Da vida para buscar
Aquela que o coração
Se recusava olvidar:
Tivera antes me inteirado
De onde haveria de estar.
29
Mas lá não pude encontrar
Luci e a’ insatisfação
Já tomava inteiramente
Conta do meu coração.
Segui por aquele bairro
Tomado de inquietação.
30
Luci com certeza não
Desejava me avistar
Andando pelo seu bairro
Inquirindo sem cessar
O seu paradeiro a todos
Que me olhavam a passar.
31
Já sem forças pra tentar
Me voltar pra direção
Onde estaria meu carro,
Sentei-me na’ ocasião
Em um dos bancos da praça
E pus-me em reflexão:
32
“Meu Deus! Qual é a razão
De eu estar neste lugar?” –
Silenciei calmamente
E decidi retornar
Para o meu carro e partir
Para nunca mais voltar.
33
Sim... Viajei sem parar.
E não achei mais razão
Pra retornar ao trabalho
E a vida de indecisão
Que eu vivia e me encontrei
Em “uma outra” profissão.
34
Noutra localização,
Pude também encontrar
Alguém que desse atenção
Ao sentimento sem par
Que eu estive sempre pronto
A ofertar sem cobrar.
35
Luci? Esqueci seu lar,
Sua enganosa feição,
Sua auto-suficiência,
Toda aquela sensação
De exaspero repassada
Por sua incompreensão.
36
Minha congratulação
É não mais me colocar
Contra a racionalidade
Que tanto quis me avisar,
Mas eu não a quis ouvir
Porque queria insistir
Em sofrer e permitir
A’ emoção me comandar.

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