sábado, 25 de agosto de 2012

A Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos- sonetos

A Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos
1
Vede a mosca que zumbe sobre a lama
Mal-cheirosa do esgoto que recebe
Os sargaços do sangue em frente à sebe
Dos bueiros por onde se derrama.

Crede em mim, pois que o antro que o difama
É mais sujo que o tal que em si concebe
Tapurus, vermes vis, larva que embebe
De uma gorda(´) o paul que a seiva mama.

Há no lodo da alma mais detritos
Que no bojo dos fossos esquisitos
Onde corpos de ratos bóiam podres.

Mesmo que’ haja quem diga ser prezado,
Ao final, mostra só estar turbado
Pela vil embriaguez que rompe os odres.
2
Uma trupe de vermes lamacentos
Andam sobre as entranhas do planeta.
Regurgitam na baba lisa e preta
Dos canais golfos vis e fedorentos.

E, nos mesmos canais que, purulentos
Se apresentam, residem na sarjeta
Ratos sujos lambendo atra valeta
Onde há lesmas e lodaçais gosmentos.

Se há um corpo no caldo intestinal
Do ventral bojo imundo e abissal
Dos esgotos urbanos, não há medo

Nos ferais animais que ali habitam,
Todavia, apetite que os excitam
A sorverem do morto o caldo azedo.

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