segunda-feira, 4 de junho de 2012

Há no espectro da noite a santa unção/ Que me faz ser na vida um menestrel.

1
Só à noite eu consigo imaginar
O que pode existir de mais poético.
Levo a pena ao papel e, em traço estético,
Delineio o que posso vislumbrar.
Minha mente se enleva ao navegar
Nesse mar de acalanto e lança o fel
Do viver pra distante e, no papel,
Acha um modo de dar à paz vazão.
Há no espectro da noite a santa unção
Que me faz ser na vida um menestrel.
2
No noturno painel há paz e alento
Que me fazem cantar entusiasmado.
E, ao achar-me inspirado encontro agrado
Em poder decantar o que o momento
Me permite externar diante do vento
Que me acalma e retira o mal revel
Do meu peito pra que eu vire um segrel
A’espraiar do amor a emoção.
Há no espectro da noite a santa unção
Que me faz ser na vida um menestrel.
3
A verdade é que a noite me ilumina
O espírito pra que eu me encontre em gozo
E feliz possa alçar melodioso
Som que espalhe prazer que se destina
A fazer mais alegre quem se inclina
Pra ouvir-me a canção em decibel
Que produz, como em versos de um cordel,
Paz, lazer e total satisfação.
Há no espectro da noite a santa unção
Que me faz ser na vida um menestrel.
4
O sossego da noite me faz bem.
O esplendor do luar me faz tranqüilo.
O fulgor estelar tem o estilo
De beleza e capricho que são sem
Similar, sem igual, pois vão além
Do que eu possa pensar, que o seu painel
Foi pintado, deveras, co’o pincel
Do perfeito Senhor da criação.
Há no espectro da noite a santa unção
Que me faz ser na vida um menestrel.

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