O Acumulador Portátil
por RF Amaral
Um
capacitor poderia mudar muita coisa. Imagine que uma pessoa
conseguisse através de um capacitor construir algum tipo de
acumulador de energia que possibilitasse recarga (por via de um giro
numa simples manivela!) e uso contínuos. O que poderia acontecer? Se
tal pessoa conseguisse ligar tudo em sua casa a essa engenhoca, com
certeza, provocaria um caos. As concessionárias de energia elétrica
se revoltariam (ainda mais se ela – essa pessoa visionária! -
colocasse tudo à posição de todos!). Ninguém necessitaria do
auxílio, em âmbito familiar, desse serviço. Rodar-se-ia uma
manivela e, “voila”! (vualá!), estaria tudo bem. Energia sem
fim. As empresas não gostariam. Afinal, por que a energia é tão
cara? Tudo é uma desculpa para se arrecadar mais, oprimir mais,
fazer você trabalhar mais para tentar lucrar mais para pagar mais,
comprar mais. Grandes usinas fechariam as portas. Haveria muita morte
nas ruas. Conspirações. A polícia seria chamada. Os adeptos dessa
nova “energização” seriam tidos por nerds, loucos, negadores do
processo “organizado” consolidado. Um giro de uma manivela seria
uma afronta a toda “civilização ordenada”. Sobraria mais
dinheiro. Você poderia ter outras coisas. Talvez alcançasse o
“status” dos seus sonhos. Teria a mulher mais bonita (ou talvez
só continuasse competindo, mas, ao menos, dessa vez estaria no
páreo!). Os nerds seriam heróis. Todos encomendando um “Acumulador
portátil”. A máquina do século (ou seria dos séculos dos
séculos?). A economia mudaria. Onde estaria o petróleo? Onde
estaria o biodiesel? O etanol onde estaria? A nova invenção criaria
uma nova “religião”. Seguidores e seguidores. E, na rua de
alguma cidade, mais um motim seria presenciado pelos que se negassem
a obedecer. Mas é tarde demais. Todos estão tomados. O comércio
não ouve mais as hidroelétricas. Os “novos capitalistas” querem
ganhar dinheiro sem gastos, mas os “velhos capitalistas” também
quererão continuar a ganhá-lo. Será o fim. O apocalipse é
colocado em curso por causa de um simples capacitor eletrolítico [só
o que preciso é de um “distribuidor-regulador” de voltagem,
amperagem e resistência!]. Talvez até já existisse quem pensasse
assim. Talvez essa pessoa tenha sido morta por agentes secretos da
CIA. Tesla ficaria surpreso (se não fora ele o morto por tais
agentes!). As boates, os bares, lanchonetes, cinemas... ninguém
querendo desligar seus prazeres. Não haveria conta a pagar. A
energia não se perde! O negócio paralelo de qualquer outra coisa
poderia ser acelerado ao infinito só por esse não-negócio. Talvez
fosse mesmo o caos. Quem plantaria? Quem colheria? Ou estaria eu
errado a postular disparate tal? Sempre há mais dinheiro a ser ganho
por via de outras vendas. O comércio não pararia. A energia
elétrica transformar-se-ia em energia humana. O padre apelaria para
que parassem. O pastor não deixaria os “novos capitalistas” em
paz. Mas a sanha por dinheiro seria maior que qualquer reprimenda
condenatória sacerdotal. As meninas estariam “perdidas”. Nas
“baladas”, a energia infinda impulsionaria os outros excessos.
Tudo seria diferente. Ah se tudo pudesse ser diferente! Na verdade,
facilitando-se qualquer coisa para um povo degenerado, facilitar-se-á
a exacerbação “populacional” degenerativa de qualquer coisa. O
povo quer farra. Farra sem pagar. Sodoma e Gomorra. O povo quer o
caos, mas se alguns, aparentemente polidos, evitarem-no, só o farão
por razões financeiras que, por fim, não cooperam contra outro tipo
de caos: o caos da fome, o caos da opressão governamental, o caos da
cobrança, da busca por “status”, o caos do caos... Tive uma
ideia de transformar nitrogênio (tem muito!) em energia elétrica e
guardar para usá-la pelo resto da minha vida. Talvez meu curso de
refrigeração me ajude nessa empreitada. Já pensou eu distribuindo
a todos a ideia, só para ver o fim dos lucromaníacos?! Não?! Então
pense! Seria mais do que o que Bill Gates fez pela fofoca virtual em
todos os seus “mais áureos” tempos. Mark Zuker não sabe de
nada! Ele deveria estar programando drones para pensarem em novos
jeitos de fazer energia elétrica. Esse ainda continua o produto do
século. Deixe acabar para você ver o fim da informática
computacional (na verdade, não sei nem se há outra!). Meu
computador está ligado aqui por que uma corrente permite que assim
se faça... Mas as “correntes” dos impostos que eu pago são meu
principal combustível para escrever o que escrevo agora, na
esperança de que algum nerd (eu não o sou: que pena!) leia-o e
ponha em prática minha imbecil ideia ficcional. Afinal, se a
Relatividade foi descoberta, não acho que algo seja impossível mais
de acontecer. Sou um literato e, por isso, estudo Refrigeração para
tentar ganhar a vida. Eu poderia ficar dizendo as inúmeras
implicações da descoberta mais sem sentido, mas tenho que tornar as
minhas apostilas para tentar evitar a fome futura que já parece me
espreitar... Creio que você terá um pensamento diferente da próxima
vez que vir um capacitor em sua frente.
Ps.:
talvez eu nem volte mais a escrever coisas tais. Ô “disgracêra
infiliz”!
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