terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Há um terror cadavérico / Na noite turva e silente - Glosas Malassombrosas

Há um terror cadavérico
Na noite turva e silente.

1
Risadas de pandemônios
Que enchem do abismo a garganta;
Morto febril que levanta
Para assustar os campônios;
Mal que corrompe os neurônios
Da massa sobressalente;
Grito medonho e estridente
Em terrível surto histérico.
Há um terror cadavérico
Na noite turva e silente.
2
Crânio que o lar sobrevoa
Em dia de tempestade;
Túmulo do qual se evade
A múmia que amaldiçoa;
Medo que aflige a pessoa
Com tremor intermitente;
Boca de convalescente
De negrume periférico.
Há um terror cadavérico
Na noite turva e silente.
3
Miasma de esgotos crípticos
Nas enxovias da morte;
Luciférica coorte
Em dias apocalípticos;
Ungüentos iatralípticos
Que não curam o doente;
Gargalhada no batente
De espírito antiquimérico.
Há um terror cadavérico
Na noite turva e silente.
4
Esqueletos tremulantes
Na' escada que “dá pra” o quarto;
Gritos de mulher de parto
Quando em febres galopantes;
Impulsos vis de rompantes
Lúgubres de corpo ausente;
Abantesma evanescente
De bafejar climatérico.
Há um terror cadavérico
Na noite turva e silente.
5
Caveira que ganha vida
Nos vãos cemiteriais;
Fogos-fátuos infernais
Que “rescendem da” jazida;
Sepulcral e enegrecida
Flor de odor desvanecente;
Fantasmagoria ingente
De cenho frio e colérico.
Há um terror cadavérico
Na noite turva e silente.
6
Dança de ossos saltitantes
Defronte ao lar em que habitas;
Pragas, moléstias malditas
Ceifando o elã dos andantes;
Conversas de almas errantes
No despenhadeiro à frente;
Bola de fogo candente
Vinda do' ar atmosférico.
Há um terror cadavérico
Na noite turva e silente.

Mote e glosas:
Poeta Felipe Amaral

Nenhum comentário:

Postar um comentário