quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Ao perdê-la, eu me encontrei / Sentindo a dor da saudade.

Para tudo existe um jeito.
Só não há jeito pra morte.
No entanto, eu não tive sorte,
Ao ver ferido o meu peito.
Pois, se acordo ou se me deito,
Uma pungência me invade...
E eu prefiro a mortandade
A ficar como eu fiquei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Às vezes ela aparece
Na cidade onde eu resido...
De nada eu tenho esquecido,
Só que ela de tudo esquece.
Finge que não me conhece.
Nem tem a civilidade
De tratar com piedade
Quem amou como amei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Lamentei sua partida
E caí em depressão
Devido à tribulação
Que me sobreveio à vida.
E, hoje, o ser que me convida
Para uma festividade
Não acha uma que me agrade,
Que eu nunca mais me alegrei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Fiz tudo para agradá-la,
Mas não findei exitoso,
Que ela não achava gozo
No que me pus a doá-la.
Meu amor é de uma escala
De altíssima intensidade,
Mas seu amor, na verdade,
Muito sem vigor achei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

No amor não tive sucesso,
Pois que tudo o que encontrava
Era um alguém que não dava
Ao mesmo amor um progresso.
Sendo assim, eu me despeço
Da vil amabilidade,
Que em minha afabilidade
Foi “onde”, ao fim, naufraguei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Causei muito mal à alma
Quando a amar me dispus.
Nas trevas, não a luz;
Pra' inquietação, não vi calma.
Sofrendo na vida um trauma
Pela sociabilidade,
Findei detento na grade
Do mal que eu mesmo forjei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

A minh'alma não repousa
Devido à inquietação
E à dor da recordação
Que no meu coração pousa.
Mas uma coisa inda ousa
Resistir com hombridade:
O amor – pra que ainda eu brade
Chamando quem sempre amei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

O seu amor é pra mim
Uma jóia preciosa;
E a minh'alma, jubilosa,
Ria antes de ver o fim.
Mas se acabou tudo assim
Como por banalidade,
Feito a nebulosidade
Desfeita ante o astro-rei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Ela cometeu um crime
Ao me deixar no abandono...
Vou dormir, não tenho sono;
Da dor ninguém me redime...
Nosso amor era sublime,
Mas ela, por crueldade,
Deu-se à criminalidade
Pra qual não existe lei.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Ela arrasou meu viver,
Partindo daquela forma,
Desviando-se da norma
Que o amor teima em manter.
Não há mais o que fazer
Depois da deslealdade...
E a nossa antiga amizade
Não ficará mais “oquei” (Okay).
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Nosso filme terminou
Como uma horrenda tragédia.
Parece até ser comédia,
Mas foio' horror que vingou.
Em cena, a gente atuou
Com talento e afinidade.
Mas, do final, na verdade,
Ainda vejo o “replei”.
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.

Nosso relacionamento
Se acabou, depois de anos,
Porque ela mudou os planos
Já antes do casamento.
O noivado, num momento,
Ela rompeu por vaidade,
Só que o anel, por ruindade,
Pôs pra vender no “ibei” (e-bay*):
Ao perdê-la, eu me encontrei
Sentindo a dor da saudade.
*”site” de anúncio de venda na internet.


Mote e glosas: Poeta Felipe Amaral - RF Amaral.

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