A Mídia do Luxo e As Implicações da "Ostentação"
por R. Felipe Amaral
Vemos que, nestes últimos tempos, o bem não tem triunfado "muito". As circunstâncias parecem só tenderem a um desenrolar catastrófico da vida. Imagine um jovem de classe baixa que, em outros tempos, poderia até, por motivos morais, afastar-se do tráfico de entorpecentes. Hoje o que ele vê o instiga a "entrar na vida" sem nem pensar em olhar pra trás. O luxo que ele vê o atrai. Na verdade, a mídia do luxo, muito mais do que o próprio luxo. Ele quer lutar contra (em algum lugar do corpo dele! Creio eu... Né possível que não, né?!), mas tudo coopera para o seu futuro marginal. As músicas que ouve (muitas das vezes, forçadamente) levam-no a pensar (e concluir verdadeiramente) que não "cresce quem estuda e batalha" de modo puro na vida, mas quem dá um jeitinho. Quem busca entrar no estrelato de uma alguma forma. Ele reflete sobre sua vida e só vê as meninas pelas quais sente atração (e quem não sentiria?!) passarem de carro com os "espertos" do mundão. Pode até ser que não se envolva com o tráfico, mas alguma outra merda o espera. Pode ser o "tráfico" anticultural, noscivo intelectualmente. Mas o que importa mesmo é "crescer"! Ele liga a TV e só "repara na" facilidade com que as pessoas levam a vida, nos programas veiculados: dão milhões para um lote de desinformados "se pegarem" numa casa monitorada por câmeras; dão milhares pra quem responde perguntas triviais em outro programa; alguém aparece num dos quadros mais assistidos pra falar de como vão bem as vendas do seu mais recente CD, "O Mela-Cueca é Massa!"... É tanta bosta que é veiculada, mas tanto dinheiro envolvido que ele se vê obrigado a contribuir. E, quem sabe, ele não será o novo "MC alguma coisa" do funk carioca... Ele dorme e sonha com o tanto de dinheiro que poderia vir a ganhar com isso (à semelhança dos goianos com o dito "sertanejo universitário", que, "cá pra nós", não sei nem se, alguma vez na vida, frequentou o fundamental). A economia parece reger tudo em nós. Nossas emoções. Os filmes são caros. Os CD's também. DVD's musicais?! Nem pensar em comprar! E as roupas? Ele tem que gravar alguma coisa. Talvez esteja fazendo seus próprios filmes em poucos "cliques", se conseguir visualizações no Youtube Brasil (onde o povo só valoriza porcaria). Mas pra conseguir "views" ele tem que inventar um bordão bem "ruim", porém, ao mesmo tempo, bem "bom". Mas como é isso? Bem... As pessoas que inventam esses bordões nunca chegaram a pensar sobre isso: são "artistas" natos. De certo, quem filosofa muito, não chega a lugar nenhum. E "olha eu" aqui insistindo em não chegar! Bem... Continuando... Tudo é a economia e a gente querendo fazer poesia. Tudo é o "money" e a gente aqui querendo fazer arte de verdade. Quem olha a vida de cara limpa, vê sempre que, no tete a tete, a coisa é bem diferente do, já exaustivamente "batido" ditado, "estude pra ser alguém". Ligue a TV e veja o tamanho da mentira. Dão milhões - repito - para um dito MC que canta tanta porcaria que chegaria a exaurir meus ouvidos apenas com os seus trinta segundos iniciais (se MUITO eu me esforçasse para escutá-lo!). Não se iluda, a surpresa do mundo não tem nada de legítimo. A gente só se enganava quando era criança. E "fim de papo".